Pensamentos sobre Heartburn
Eu tenho uma imensa dificuldade em me comprometer com livros. Como saber se esse vai ser bom e valer o tempo investido. Eu não gosto de desistir de livros, logo, se eu começar teria que me dar até o fim. Eu nem sei onde encontrei a referência a Nora Ephron, mas em alguma passagem pelo twitter um ilustrador fazia referência ao seu estilo cômico, rápido, sagaz, exato de escrita. Pensei comigo mesma, aqui está a indicação de onde encontrar um livro bom. Era uma ilustração para ‘heartburn’.
Pensei em comprar o livro, mas tinha acabado de comprar dois que não me parecem serem livros bons e eu vou ter que lê-los até o fim. Então eu lembrei do cadastro que fiz na biblioteca e que nunca usei. Reservei o livro num domingo a noite e tive que esperar mais de uma semana para buscá-lo. Um lado bom de bibliotecas é o limite de tempo que você tem para ler o livro, e assim me sentir obrigada a priorizá-lo.
Comecei a leitura. No ônibus, num dia chuvoso. E foi continuando pouco a pouco. Confesso que não foi o que eu esperava. Uma preguiça que eu tenho de ler livros é que os personagens são sempre extraordinários. Filhos de pais ricos, bem relacionados, verdadeiros destaques do seu campo. Acho que me magoa pensar na minha própria mediocridade.
De todo modo, continuei lendo Heartburn, ainda mais com o prazo dado pela biblioteca se aproximando a passos rápidos. Agosto passou voando. Acho que foi o primeiro mês de agosto que passou rápido desde que eu conheço meses de agosto. Eu fui concebida num mês de agosto que aposto que passou devagar.
Eu tenho dificuldade em explicar minha opinião, e por isso gosto de pesquisar ‘reviews’ dos livros que mal acabei de ler. E algumas passagens das reviews que li ressoam com o que penso.
1. Não importa o quanto eu ri, eu esperava mais.
2. A história era rápida e frenética, com personagens sendo introduzidos e jogados a torto e a direito.
Existem algumas sacadas no livro, que não o sustentam, mas te dão esperança que se você continuar lendo eventualmente esbarrará em outra que fará valer a pena. Como por exemplo, ser da mesma altura facilita as relações e viagens, já que ninguém precisa correr atrás de ninguém ou retardar seus passos.
Ou que só pessoas sãs admitem que estão loucas. Os loucos pensam que estão bem.
A outra coisa era esse grupo de terapia dela, ou as incontáveis socialites, amigas, produtoras, mães, irmãs que são apresentadas ao longo da história. Elas voltam vez por outra e a história se amarra, mas tudo de maneira muito rasa e insuficiente.
É como ler uma coluna numa revista de opinões sobre relacionamentos que se estendeu demais.
Depois eu descobri que existe um filme feito em 1986 com a Meryl Streep e Jack Nicholson. Eu vou procurar para assistir, talvez essa história e formato funcionem melhor num filme do que nesse livro.
Eu também descobri que a Nora faleceu de pneumonia em 2012. E que o ex-marido, que a traiu, continua vivo.
Ainda falta um capítulo do livro.
PS: Encontrei esse texto enquanto limpava o computador do trabalho para devolvê-lo. Deve ter sido escrito em Agosto de 2019.